Em entrevista à Rádio CBN, governador Reinaldo Azambuja pede blindagem nas fronteiras de MS

 Em entrevista ao programa de rádio CBN Campo Grande, nesta quinta-feira (22.2), o governador Reinaldo Azambuja tratou de temas cruciais para Mato Grosso do Sul, como a necessidade de apoio federal para blindar as fronteiras contra a criminalidade e destacou os investimentos em segurança que resultaram na redução dos índices de violência por todo o Estado. Ele falou ainda sobre sua trajetória política e fez um balanço dos três anos de gestão no Governo de Mato Grosso do Sul. Confira a íntegra da entrevista, concedida ao jornalista Otávio Neto:

 

Rádio CBN – Em qual fase o senhor está na política?

 

Governador Reinaldo Azambuja (RA) – Quando iniciei na vida pública há 21 anos, em Maracaju, pautamos nossa ação fazendo um trabalho acreditando que a política tem que estar vinculada a resultados práticos de melhora na vida das pessoas que delegaram a nós a gestão. Em oito anos como prefeito tiramos Maracaju de 12ª para a quinta economia, num trabalho de planejamento, organização e avanço.

 

Também tive a oportunidade de conviver no Legislativo que foi um grande aprendizado. Quem ocupa cargo no Executivo merece essa passagem no Legislativo. Por quatro anos convivi na Câmara Federal e isso é um aprendizado para você entender o espírito democrático, o Parlamento é o espelho da sociedade.

 

Depois, assumi o grande desafio de governar Mato Grosso do Sul. Tivemos uma campanha duríssima e o privilégio de a população nos confiar essa responsabilidade. Agora, temos que fazer uma reflexão sobre o momento que vivemos. Até 2014 tínhamos um Brasil que vendeu sonhos, ilusões e acabou levando a esse descontrole das contas públicas que levou à maior crise que o Brasil vivenciou. Com isso, o grande desafio é governar na crise e fazer um planejamento para continuar fazendo as entregas para a população.

 

CBN – Qual adjetivo define seu Governo?

 

RA – A política vive um momento de criminalização. Mas a mudança do País passa pela boa política. Existe o mau político? Claro, e esse tem que pagar pelos erros que comete. Agora, existem os bons e que estão enraizados em vários partidos. O nosso perfil é o de quem governa com responsabilidade. E não se governa sozinho, contamos com uma equipe de pessoas preparadas, com foco. Terminando essa entrevista vou para Aquidauana e Anastácio para uma reunião com prefeitos das regiões impactadas. Então, tem muitas questões pontuais como essa que surgem e precisamos resolver. Mas, em geral, Governo não se faz sem planejamento.

 

E o nosso Governo tomou as medidas corretas na hora certa para não deixar MS sucumbir à crise. Não pagam a folha, não pagam fornecedor, não fazem nada. Aqui fizemos a diminuição do tamanho do Estado. Se não fossem as reformas estaríamos falando aqui de mais um estado inadimplente. Tínhamos 15 secretarias e encolhemos. MS hoje conta com uma das menores estruturas administrativa do País. Unificamos as estruturas. Quando se fala em desenvolvimento está se referindo às indústrias, comércios, agropecuária e meio ambiente juntos, então, unimos isso na Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro). A infraestrutura está toda numa única secretaria, incluindo a habitação, saneamento, drenagem, asfalto e pontes. Essa postura possibilitou encolher a estrutura.

 

Enfrentamos a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que regula os gastos para os próximos dez anos. Começou a valer este ano.  Independentemente de quem estiver governando só poderá aumentar os gastos de acordo com a inflação do período anterior. Só podem crescer os investimentos. Com isso, colocamos MS como um estado viável economicamenteUm estado que cumpriu suas obrigações, proporcionando um bom desenvolvimento em áreas cruciais para a sociedade. Foi um Governo de responsabilidade. Nós tivemos coragem.

 

Durante entrevista ao programa de rádio CBN Campo Grande, o governador Reinaldo Azambuja tratou de temas cruciais para MS

 

CBN – O que mudaria na reforma da previdência?

 

RA – Não mudaria nada no processo. As medidas tomadas têm uma lógica. Desde o início quisemos um Governo que gasta menos para dentro para poder gastar mais para fora com as pessoas. Vivenciamos a maior crise do País, política e econômica. Tivemos dois anos de Produto Interno Bruto (PIB) negativo, a economia do País andou para trás. Agora eu acredito que nós estamos deixando a crise para trás.

 

No País tivemos a reforma trabalhista que não tira direitos, mas moderniza a legislação entre capital e trabalho. Em relação à previdência trata-se de cortar privilégios. A sociedade não pode pagar sozinha R$ 1,2 bilhão por ano que é o déficit em Mato Grosso do Sul. E é uma conta dividida com toda sociedade para apenas um grupo. Não tiramos direito de ninguém. Daqui para frente temos a nova lei que estabelece o mesmo teto do INSS de cerca de R$ 5.200/mês. Até o teto a contribuição é normal. Quem quiser se aposentar com valores acima, terá que contribuir com uma previdência complementar. Unificamos fundos, foi uma votação difícil porque existem segmentos minoritários e secretários para qualquer mudança. A sociedade tem que despertar porque senão vamos continuar pagando a conta de alguns rateada por todos ao invés de investir em áreas como educação, saúde e infraestrutura.

 

Em três anos fizemos uma reforma fiscal, administrativa, resolvemos a questão previdenciária, estabelecemos um teto de gastos, hoje eu vejo Mato Grosso do Sul com muita tranquilidade para ir se desenvolvendo com uma boa política pública que vai dar resultados e retornos com melhorias essenciais para o cidadão.

 

CBN – Em relação à segurança, tem defendido o apoio do Governo Federal para reforçar a segurança nas fronteiras.

 

RA – Entendo que tivemos avanço porque os indicadores apontam isso. Explodiu a violência no Brasil de 2016 para 2017. Os indicadores de Mato Grosso do Sul são um dos melhores do País. Não que esteja bom, mas isso aconteceu porque teve planejamento. Quando entramos não tinha evolução na categoria dos policiais, regularizamos isso em três anos. Agora vem a formação dos últimos grupos que estão galgando promoções. Essas promoções estavam paralisadas, todos os equipamentos vencidos, viaturas sucateadas, armamentos obsoletos, foram R$ 110 milhões para investir nessa estruturação. Nós tínhamos um sistema de comunicação que era interceptado pelo crime organizado, agora temos um dos mais modernos.

 

Mato Grosso do Sul avançou em segurança enquanto no País aumentou a criminalidade. O Governo Federal é omisso com as fronteiras. Em qualquer país do mundo, quem faz a segurança das fronteiras é a União. Está de parabéns o presidente pela intervenção no Rio de Janeiro, tenho pena daquela população. Mas vai resolver o problema do Rio de Janeiro se não cercar armas e drogas que chegam pela fronteira, principalmente, do Paraguai e da Bolívia? Somos um corredor. Se não blindar as fronteiras vamos ter uma guerra.

 

Em 2015, o Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreenderam 227 toneladas de drogas. Em 2017 foram 427 toneladas. Então, ou coloca blindagem na fronteira ou vamos ficar enxugando gelo. A fronteira merece atenção. Vamos continuar fazendo a nossa parte. O DOF está sendo estruturado, inclusive, a Inteligência. A gente tem que trabalhar com inteligência, não adianta só prender o pequeno traficante, precisamos combater facções, corporações grandes.

 

E vocês têm acesso aos números de redução da criminalidade, podem olhar o avanço. Enquanto no Brasil explodiu a criminalidade, MS conseguiu estancar e melhorar muitos indicadores, isso fruto do trabalho das forças policiais e do planejamento. Inclusive, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), tem um planejamento para nos próximos 10 anos todos os anos ter concurso, para não colocarmos mil policiais e eles se aposentarem todos de uma vez só.

 

“Em 3 anos fizemos uma reforma fiscal, administrativa, resolvemos a questão previdenciária, estabelecemos um teto de gastos…”, disse o governador

 

CBN – O Programa Obra Inacabada Zero incluirá a conclusão do Aquário do Pantanal?

 

RA – Esse programa acredito que seja até inédito no Brasil, porque o político gosta de pôr a sua marca, de terminar aquilo que ele começou. Mas o Obra Inacabada Zero é respeito ao dinheiro público, que foi aplicado em 234 obras não concluídas em gestões anteriores. Hoje estamos com três ou quatro para finalizar, entre elas, o Aquário do Pantanal. Eu nunca faria um aquário. Acho um erro construir um aquário enquanto você precisa de um hospital. Vamos agora entregar o Hospital do Trauma, uma obra que iniciou há 21 anos e em três anos vamos entregar e, por meio de parceria, será inaugurado completo e equipado.

 

No Aquário, o grande erro foi não ter percepção dos anseios maiores que a sociedade tem. Eu na campanha consultei o que as pessoas preferiam: Aquário, um hospital, creche ou investimentos na habitação e o Aquário estava em último lugar na resposta da sociedade. Não posso ser responsabilizado por isso, porque não foi iniciado por nós.

 

O Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado concordaram com o término da obra. Se o Judiciário referendar, no dia seguinte as obras irão iniciar, agora não podem jogar a responsabilidade disso na nossa administração. Se lá vai se fazer um núcleo de turismo, um observatório, as pessoas vão observar os peixinhos, não discordo disso. Agora, estou construindo um hospital em Três Lagoas por R$ 55 milhões, com o dinheiro do Aquário daria para construir cinco hospitais regionais.

 

Mas foi colocado dinheiro nisso e se der vamos concluir, assim como obras de vários outros governos. O Hospital do Trauma por exemplo tem 21 anos. A gente avançou bastante e o respeito ao dinheiro público é importante. Esse é um programa para concluir elefantes brancos que foram iniciados e não concluídos. Terminamos a universidade, escolas, presídios. O mais importante é respeitar o dinheiro público. Não iniciamos, mas concluímos e vamos entregar à sociedade.

 

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