Acadêmicos indígenas da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul participam de evento na Unicamp

Um grupo de 30 acadêmicos indígenas, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), participou do IX Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI), no período de 26 a 29 de julho, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).  Com o tema “Ancestralidade e contemporaneidade” foi discutido por meio oficinas, debates, simpósios temáticos, atividades culturais e formativas reunindo intelectuais, ativistas e artistas indígenas.

 

Com representação de vários cursos e unidades universitárias a representação de estudantes da UEMS marcou presença de forma significativa mostrando o contexto do MS e apresentando as demandas a serem atendidas.

 

O reitor da UEMS, Laércio Alves de Carvalho, ressaltou que para a reitoria é motivo de muita alegria e satisfação ter enviado essa comitiva de acadêmicos da Universidade, no sentido de que eles pudessem participar do maior evento nacional dos estudantes indígenas do país, contribuindo assim para os direcionamentos de novas políticas de atendimento aos alunos indígenas não só de MS, mas de todo o Brasil. “Agora neste retorno, estaremos nos reunindo com os alunos para obter mais informações, para saber quais são as novidades que este evento trouxe, principalmente, para a futura formação deles. E com isso a gestão procura dialogar sempre para que possamos ter internamente novas decisões e novos encaminhamentos em prol da permanência e da formação cada vez melhor para todos os acadêmicos, em especial, neste momento, para os acadêmicos indígenas”, disse Laércio de Carvalho.

 

A UEMS apoiou os acadêmicos com o transporte para o evento

 

O tema do evento visou fazer a reflexão sobre a importância dos saberes ancestrais indígenas serem  reconhecidos como possibilidades significativas para a resolução dos problemas do mundo moderno, ao mesmo tempo criar espaços para transformar a universidade com a inclusão destes conhecimentos nos currículos dos cursos de graduação e pós-graduação de forma simétrica e respeitosa. “Também foram discutidos problemas mais gerais que atravessam a existência de todos os povos como saúde, educação, proteção aos territórios, direitos diferenciados, e ainda propostas que contribuam para a criação de políticas de acesso, permanência, financiamento de pesquisas sobre a temática indígena, entre outros temas”, explicou a  coordenadora da Rede de Saberes da UEMS, profª. Dra. Beatriz Landa.

 

Adevair Aprigio Barbosa, de 18 anos, da etnia Terena, cursa Letras Licenciatura Português Inglês, na Unidade da UEMS de Jardim, participou do evento e para ele foi um momento especial  enquanto acadêmico. “Pude compreender melhor como é o dia a dia dos meus parentes indígenas, pude perceber a realidade que passam brigando por direitos, indígenas morrem defendendo a todos nós, também garanti grande conhecimento. Foi graças a esse evento que eu comecei a enxergar o mundo de outra forma! Quando cheguei em casa, despertei um lado de mim que eu não conhecia ainda , comecei a pesquisar as lutas dos povos indígenas (meus parentes), me convenci de que quero fazer parte dos movimentos indígenas e que também sou um ATIVISTA Indígena começando a trabalhar para melhorias no futuro do meu povo”, enfatizou o acadêmico.

 

O acadêmico do curso de Direito na UEMS em Dourados, Jander Massi de Morais, de 27 anos, da etnia Terena, é diretor administrativo do Diretório Central de Estudantes (DCE) e ficou responsável pela delegação no evento. “Lá nesses quatro dias de evento nós descobrimos a nossa ancestralidade e principalmente a união do povo indígena, a pluralidade das etnias e principalmente o ato de viver, que é um ato de resistência. A UEMS teve um grande papel e foi fundamental nesse desenvolvimento acadêmico, psicológico e principalmente de acolhimento e de transformação. Quando um povo indígena tem voz ele transcende, ele se faz presente. Nós como UEMS estávamos lá presente!”, ressaltou.

 

Jander Morais também destacou a reserva indígena de Dourados é considerada como uma das mais populosas do Brasil – são cerca de 19 mil índios convivendo em um espaço de cerca de 3.500 hectares. E Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população do país. “Então ter os estudantes indígenas Guarani, Terena e Kaiowá da UEMS neste Encontro Nacional  foi sensacional! Nos uniu como Universidade, como resistência, como delegação, como coletivo. Hoje eu faço parte do DCE como diretor administrativo, me fiz presente lá na frente representando o Centro-Oeste, onde me apresentei e saber que um acadêmico indígena, que está cursando Direito, na UEMS se fez presente no encontro e representou o DCE, além de representar um povo que precisava ser ouvido e ter voz!”, disse.

 

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