Serial killer: Casado, educado, tranquilo, pedreiro que matou sete em Campo Grande não levantava nenhuma suspeita

Educado, respeitável, tranquilo, assim os vizinhos descrevem como era Cesár de Souza, que confessou ter matado ao menos sete pessoas em Campo Grande. As características apontadas por vizinhos coincidem com um dos perfis tradicionais de serial killers. Conforme especialistas, muitos dos assassinos em série são “pessoas normais”, bem sucedidas e ativas na comunidade, até que seus crimes sejam descobertos.

 

Até a tarde deste sábado (16), César confessou o assassinato de sete pessoas. Nesta sábado, foi encontrado o corpo do aposentado Timóteo Pontes Roman, 62 anos, dentro de um poço, na Vila Planalto.

 

Conforme a criminologia, os assassinos em série são pessoas que matam uma porção de indivíduos seguindo uma lógica ou sequência em cada um deles. Geralmente as vítimas tem um mesmo tipo ou características semelhantes. No caso de César, a lógica encontrada é que todas as vítimas eram homens, que moravam sozinhos e tinham bens em seus nomes.

 

Segundo o delegado responsável pela investigação, Carlos Delano, o perfil das vítimas era o mesmo e o criminoso afirmou que as matou para que pudesse se apossar de seus bens.

 

“É o perfil da vítima que evidenciamos que ele vem matando. Normalmente as vítimas tinham relacionamento com ele, nas que a gente identificou ontem e semana passada, eram pessoas com que ele havia ido trabalhar”, disse.

 

De acordo com a definição de serial killer, existem basicamente dois tipos de assassinos em série: os organizados e os desargonizados. Os do tipo organizado são os que normalmente exibem inteligência normal, conseguem se inserir bem na sociedade e tem vida aparentemente normal, com esposa e filhos.

 

Em análise dedutiva, conforme relatos de vizinhos e conhecidos sobre o comportamento em sociedade, César se encaixa no perfil de organizados.

 

Pessoas que moram no bairro onde ele viveu por aproximadamente 30 anos, foram unânimes em afirmar ao Correio do Estado que o pedreiro nunca demonstrou qualquer traço que os levasse a desconfiar que ele seria um criminoso e que sempre tratou todos bem.

 

O guarda municipal Ramão Carlos Cordeiro, 67 anos, conhecia tanto o assassino quanto a esposa e filha dele, e afirma que a única coisa diferente que reparou é que a menina sempre deu problemas na escola e quem comparecia na unidade era a avó e não os pais.

 

“Ele morava aqui no bairro [Planalto], se criou aqui. Era um cara que conversava com a gente, mas não era de dar risada, era meio na dele. Ninguém nunca desconfiou de nada. Trabalhava de pedreiro, a mulher dele trabalhava por aqui. Mas a filha bebia, dava problema na escola, vinha de festa, nunca deram valor na menina”, disse.  A menina teria ajudado o pai a ocultar alguns cadáveres.

 

Também moradores do bairro, os aposentados Ari Paes Ribeiro, 74 anos, e Francisco Custódio, 73, conheceram e nunca desconfiaram do vizinho assassino.

 

“Ninguém desconfiava, era uma educação, passava e cumprimentava, quem via pensava “é um coitado. Só bebia bastante”, disse Ribeiro.

 

Ainda conforme a criminologia, ciência que estuda  o comportamento dos criminosos em busca da criação de seus perfis criminais, outro padrão de serial killers é o modus operandi, ou seja, a execução do crime, que segue sempre um mesmo modo.

 

Delegado explicou que todas as sete vítimas encontradas até hoje, foram mortas com pauladas na cabeça.

 

Outra característica de César notada pela Polícia Civil é a frieza com que trata os crimes. Após ser preso por um homicídio, ele confessou os demais de maneira tranquila, indicando onde enterrou ou escondeu os corpos.

 

“É notável a desvalorização da vida humana. Pelo menos dois a gente sabe que ele já conhecia há meses, do bairro ou então chamava para trabalhar junto, e matava”, disse Delano.

 

A polícia também não descarta a possibilidade de haver mais vítimas enterradas.  “Pode ter outras vítimas. Ele fala que não, mas desde que disse que não já achamos mais duas, não dá para confiar no que ele fala”, disse o delegado.

 

Além do perfil dedutivo, baseado em evidência, também há o perfil indutivo, que traça o perfil comportamental e deve ser elaborado por um psicólogo ou psiquiatra e podem apontar, por exemplo, se o criminoso é psicopata.

 

Vítimas

O primeiro corpo encontrado foi de José Leonel Ferreira dos Santos, de 61 anos, que foi morto dia 2 de maio em sua própria casa. No dia seguinte ao crime, a família de César se mudou para a residência, fato que fez um vizinho da vítima desconfiar e registrar boletim de ocorrência.

 

Polícia investigou o caso e, ao ser descoberto, César confessou a morte de José Leonel e outros homicídios, indicando onde havia enterrado os corpos.

 

A segunda vítima era ajudante do serial killer. José de Jesus de Souza, 45 anos, trabalhava como pedreiro nas obras e foi morto depois de desentendimento com o criminoso. Ele era da Bahia e não tinha familiares em Campo Grande. A irmã de César estava morando na casa de José de Jesus e ele também vendeu um terreno que pertencia à vítima.

 

Geraldo, de 48 anos, também trabalhava com o assassino. Ele foi com o suspeito até um terreno no Zé Pereira, onde foi encontrado, com a intenção de limpar e invadir o local. Lá, se desentenderam e o criminoso golpeou a vítima na cabeça com o cabo de uma picareta. O autor enterrou o corpo e arma do crime no mesmo lugar. Dessa vez, não se apropriou de nenhum bem material da vítima.

 

Taíra, 74 anos, fazia bicos de jardinagem, foi contratado pelo pedreiro para capinar um lote, na Vila Planalto. Eles também se desentenderam e o assassino o matou e enterrou o corpo no local. O idoso estava desaparecido desde novembro de 2016. A família que mora na casa não sabia da existência do cadáver enterrado em uma área concretada, na calçada lateral da residência.

 

A 5º vítima do serial killer é da própria família. Flávio Pereira, de 34 anos, primo de César foi morto em 2015, depois de brigar com o suspeito devido a um terreno que pertencia à vítima. Após o crime, o pedreiro depois vendeu a propriedade para um barbeiro, de 53 anos, por R$50 mil.

 

Sexto corpo encontrado é de Claudionor Longo Xavier, de 48 anos, que estava desaparecido desde abril de 2019. César conheceu Claudionor como caseiro em uma chácara, resolveram fazer juntos um investimento em imóvel, mas acabaram brigando. O suspeito matou e levou o cadáver no terreno de uma casa no bairro Sírio Libanês e vendeu a motocicleta da vítima.

 

 

Última vítima conhecida até então é o aposentado Timóteo Pontes Roman, 62 anos. Ele contratou o pedreiro para fazer reparos na calçada da casa onde morava, na Planalto, onde foi morto com duas pauladas na cabeça e o corpo jogado em um poço de mais de 10 metros, nos fundos da casa. Assassino disse que intenção era se apropriar da casa do aposentado, que morava sozinho.

 

MPE-MS irá acompanhar e fiscalizar as medidas adotadas pelas Redes Municipal, Estadual e Privada de Educação Básica

Em virtude da pandemia da covid-19 que suspendeu as aulas nas redes pública e particular de ensino, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da 16ª e 17ª Promotorias de Justiça da comarca de Dourados, editou a Recomendação Conjunta nº 0004/2020/17PJ/DOS com o objetivo de fiscalizar as medidas excepcionais adotadas pelas Redes de Ensino de Educação Básica (particulares e públicas), bem como de acompanhar a reorganização dos calendários escolares e ações que serão implementadas após o transcurso do período de suspensão das aulas presenciais.

 

Na Recomendação, os promotores de Justiça Ricardo Rotunno e Luiz Gustavo Camacho Terçariol consideraram uma série de fatores que impactarão na retomada das aulas presenciais. Os promotores destacaram a incerteza de prazos no que diz respeito à retomada das atividades escolares presenciais que, conforme diretriz do Conselho Nacional de Educação, deverá se dar oportunamente, de modo gradual, dado à gravidade da crise instalada, havendo indícios de que após o transcurso das férias escolares eventualmente antecipadas pela rede municipal  de ensino de Dourados e de Laguna Carapã, as aulas continuem suspensas para todos ou alguns alunos, dependendo dos níveis de disseminação do novo coronavírus e das orientações das autoridades sanitárias.

 

Diante das considerações e das sugestões da Força-Tarefa para atuação dos Membros do MPE-e-MS diante da pandemia, os Promotores recomendaram à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul, às Secretarias Municipais de Educação dos Municípios de Dourados e de Laguna Carapã, bem como aos diretores e coordenadores das Instituições privadas de educação básica de ensino que o cumprimento da carga horária mínima obrigatória ocorresse de forma individual ou conjunta.

 

O MPE-MS recomendou a reposição da carga horária de forma presencial ao final do período de emergência, o cômputo da carga horária de atividades pedagógicas não presenciais realizadas enquanto persistirem restrições sanitárias para presença de estudantes nos ambientes escolares e o cômputo da carga horária de atividades pedagógicas não presenciais (mediadas ou não por tecnologias digitais de informação e comunicação) realizadas de forma concomitante ao período das aulas presenciais, quando do retorno às atividades.

 

Quanto ao planejamento e oferecimento de atividades pedagógicas não presenciais, propôs que fossem regulamentados em atos normativos e documentos próprios, observando uma série de medidas, dentre elas os objetivos de aprendizagem, as formas de interação (mediadas ou não por tecnologias digitais de informação e comunicação), a estimativa de carga horária equivalente, a forma de registro de participação dos estudantes e as formas de avaliação não presencial durante situação de emergência ou presencial após o fim da suspensão das aulas.

 

Fonte: MPE-MS

 

Agressão contra vereadora mostra como mulheres estão sendo afastadas da política, afirma presidente da ABMCJ/MS

A denúncia da agressão sofrida pela vereadora Fabrizia Tinoco (PRB), que foi retirada a força da Secretaria de Obras de Bela Vista por outro vereador do município, mostra como a violência é mais um fator para afastar as mulheres da política no País, avalia a presidente da ABMCJ/MS (Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica) Rachel Magrini. A entidade alerta há tempos para o pouco espaço dado para mulheres em Mato Grosso do Sul, onde não há mulheres na Assembleia Legislativa, por exemplo, mesmo com o eleitorado feminino sendo de 52%.

 

Vereadora Fabrizia Tinoco registrou queixa na Polícia pela agressão sofrida e Justiça concedeu à ela medida protetiva (Foto: Reprodução/Facebook)

 

Na manhã de quarta-feira, a vereadora esteve em uma obra parada após receber diversas reclamações dos transtornos. Ao falar com o secretário de obras, uma engenheira e o vereador Francisco Gutierres (PSDB) se aproximaram e começaram a discutir com Fabrizia, questionando sua presença ali. Gutierres a retirou do local violentamente, puxando os cabelos e os braços. Fabrizia registrou boletim de ocorrência em seguida.

 

“Não é apenas um problema criminal. Em um ano eleitoral a forma de agressão é como uma limitação a qualquer mulher que pretenda ter espaço na política. A violência ameaça a democracia, os direitos humanos e a justiça de gênero”, ressalta Rachel.

 

A ABMCJ faz parte de conselhos da ONU que debatem as políticas de igualdade aos direitos das mulheres e segue a plataforma de Ação de Pequim, carta que completa 25 anos em 2020 e seria tema de palestra proferida por Rachel na sede da ONU, em Nova York, em março deste ano. O evento foi adiado por conta da pandemia do coronavírus.

 

“A participação das mulheres na política aumenta, porém os espaços diminuem. Em nosso Estado não temos deputada estadual e na Capital, de 29 vereadores, apenas duas vereadoras. Isso quando somos 52% do eleitorado”, aponta. Em Mato Grosso do Sul, nos últimos 40 anos, apenas 11 mulheres ocuparam cadeiras na Assembleia Legislativa. A maioria por fazer parte de famílias tradicionais na política.

 

Enquanto a América Latina apresenta aumento de mulheres nos Parlamentos, com 53% na Bolívia e 48% no México, estudo da ONU Mulheres mostra que o Brasil tem apenas 15% das cadeiras com mulheres.

 

 

“A violência política agora transcende o debate e parte para a agressão física. Percebemos que mulheres com mandato são mais atacadas, principalmente nas redes sociais, apenas por serem do sexo feminino. A agressão física é ainda mais grave por querer impedir o exercício das funções da vereadora.

 

De acordo com dados da União Parlamentar Internacional (IPU), 82% das parlamentares ouvidas viveram violência psicológica; 44% receberam ameaças de morte, estupro, espancamento ou sequestro; 26% sofreram violência física no parlamento e 39% afirmaram que a violência política minou a implementação de seus mandatos e sua liberdade de expressão.

 

Marcas das agressões são visíveis em um dos braços da vereadora Fabrizia

 

 

 

 

Gaeco ataca altas patentes da PM envolvidas com contrabandistas; sete oficiais superiores foram presos

O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), braço de investigação do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), está fazendo uma devassa entre altas patentes da Polícia Militar do Estado. Foram presos sete oficiais superiores suspeitos de ligações com contrabandistas de cigarros paraguaios. A nova ofensiva, desencadeada nesta sexta-feira, leva o nome de Avalanche e é a terceira fase da Operação Oiketicus, deflagrada em 2018, quando outros policiais de várias graduações e patentes foram apontados como facilitadores da passagem de cargas de cigarros vindas do país vizinho.

 

Nesta sexta-feira, logo pela manhã, equipes do Gaeco e da Corregedoria da própria PM foram até a casa de oficiais para dar cumprimento a mandados de prisão preventiva. Foram cumpridos sete mandados de prisão e 13  de busca e apreensão, expedidos pelo juízo da Auditoria Militar Estadual.

 

A operação é continuidade das investigações em torno da organização criminosa composta de policiais militares que atuavam na facilitação do contrabando de cigarros em MS.

 

São apurados crimes como organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Campo Grande, Coxim, Sidrolândia, Naviraí, Aquidauana e Dourados.

 

Presos

 

Um dos presos é o tenente-coronel Carlos Silva, comandante do Batalhão da Polícia Militar em Dourados. Também foram presos o ex-diretor do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) coronel Kleber Haddad Lane e o comandante da unidade PM de Naviraí, tenente-coronel  Wesley Freitas Araújo. Outro a ser levado pelo Gaeco foi o major Luiz César de Souza Herculano, de Coxim. O tenente-coronel Erivaldo José Duarte Alves, de Sidrolândia, e o tenente-coronel Jidevaldo de Souza Lima, que estava chefia da 4ª Seção do Estado-Maior da PM, na Capital.

 

Esquema

 

Segundo as informações, havia uma tabela de propina já acertada com os fornecedores do produto no Paraguai. Dependendo da patente dos envolvidos no esquema, a propina variava de R$ 10 mil a R$ 30 mil por mês.

 

O esquema de facilitação de passagem das cargas de cigarros não é novo no Estado. Em abril de 2017, a Corregedoria da PM detectou uma “rede de policiais militares, maioria da fronteira, envolvidos em crime de corrupção e organização criminosa”.

 

Em 2018, foi realizada a primeira fase da Operação Oiketicus, com o objetivo investigar o pagamento de propinas a esses policiais, que facilitavam a circulação de veículos de cigarreiros. Havia uma “rota cigarreira”, integrada por rodovias, estradas e cabriteiras usadas para transportar cigarros produzidos no Paraguai

 

Condenações

 

Por causa disso, o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa, apontado como um dos principais articuladores do esquema, foi condenado a sete anos, um mês e dez dias de reclusão. Ele foi condenado por corrupção passiva com continuidade delitiva, pois teria agido entre 2016 e 2018.

 

Um outro oficial, o tenente-coronel Luciano Espíndola da Silva também pegou sete anos, um mês e dez dias de prisão por corrupção passiva com continuidade delitiva, pois, assim como Cristaldo, agiu entre 2016 e 2018. Luciano foi absolvido de organização criminosa. O major Oscar Leite Ribeiro foi condenado a pena de dois anos de detenção, inicialmente em regime aberto, pelo delito de prevaricação.

 

Outros militares, com graduações de soldados a sargentos, também foram condenados. Ao todo, até a conclusão das investigações, 29 policiais militares foram presos na Operação Oiketikus, que investiga desde 2015 os passos da quadrilha formada pelos agentes de segurança pública nas rotas de passagem de contrabando.

 

Fonte: Correio do Estado/Thiago Gomes