Forças pró-solidariedade: No Pantanal, indígenas e quilombolas recebem 550 cestas básicas de organizações ambientais

O isolamento social decorrente da pandemia tem mexido com a vida de pessoas de todo o globo e isso já não é mais novidade. Agora, imagine esse mesmo cenário atrelado aos problemas provocados pelas queimadas que assolaram a região do Pantanal neste 2020. É exatamente neste quadro de incertezas que muitas famílias de comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas tentam seguir a rotina de suas vidas.

 

Sensível a essa situação é que a Wetlands International Brasil e a Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal aceitaram o convite da SOS Pantanal e da União BR de unir forças a fim de organizar uma força-tarefa para entrega de 550 cestas básicas no Pantanal. Itens que estão sendo encaminhados às aldeias indígenas localizadas no Território Indígena Kadiwéu, em Porto Murtinho, e na comunidade quilombola Família Osório, em Corumbá. Na sequência será a vez dos Guató, também em Corumbá.

 

“A SOS Pantanal é parceria de longa data nossa, conhece o nosso trabalho, o nosso Programa Corredor Azul. Por isso, sabem que não é de hoje que desenvolvemos trabalhos com as comunidades tradicionais do Pantanal e que poderíamos agregar nesse trabalho junto à população local”, ressaltou a coordenadora de assuntos indígenas e comunidades tradicionais da Wetlands International Brasil, Lilian Ribeiro, que está in loco para ajudar nesta importante missão.

 

Para Gustavo Figueirôa, membro da comunicação da SOS Pantanal, instituição que é a principal responsável pela ação de arrecadação e distribuição de cestas, o trabalho tem proporcionado uma boa experiência junto às comunidades. “Nessa viagem a gente está aproximando e estreitando laços. O foco da SOS não é o assistencialismo, do mesmo jeito que não é o da Mupan e o da Wetlands International. Mas, a gente percebeu com esses incêndios que é preciso ajudar não só o bioma como as comunidades que vivem nele”, avaliou ele que também está fazendo as entregas.

 

Ação solidária – O repasse das cestas básicas foi iniciado na segunda-feira (16) e deve seguir até o fim de semana. Ao todo, 1.100 cestas básicas foram arrecadadas pela SOS Pantanal com a União BR e União São Paulo dentro do Movimento Pantanal Chama, que tem por apoiador o cantor sertanejo Luan Santana. Corrente do bem essa que também está inserida dentro da Iniciativa Impulsa Pantanal – criada para fortalecer as ações de preservação do bioma que este ano tem enfrentado um cenário catastrófico de queimadas.

 

Do montante acima, uma parte foi direcionada ao Pantanal de Mato Grosso e a outra às comunidades que vivem na parte de cá do bioma, Mato Grosso do Sul. E, que para um melhor êxito no repasse a ação tem uma importante aliada, a Funai. Instituição chave para ações em territórios indígenas, a qual está contribuindo com a logística e cedência de um caminhão para o transporte das cestas.

 

Ação que tem chegado em boa hora e que vai ajudar muitas famílias como a da artesã Creuza Vergílio, que já vem sentindo os impactos ambientais na mesa e renda. “Este ano, com as queimadas muitas frutas que a gente ia buscar nessa época, hoje, não tem mais. Não tem guavira e nem outros tipos de alimentos. A pandemia também prejudicou a venda do artesanato e por isso é muito importante um apoio como esse”, afirmou ela que é presidente da Associação das Mulheres Artistas Kadiwéu (AMAK).

 

Atendimento direto – Das 550 cestas destinadas as comunidades sul-mato-grossenses, 230 unidades já foram entregues. Na terça-feira (17), os primeiros repasses foram feitos em duas aldeias da etnia Kadiwéu – Campina, com 25 cestas e Alves de Barros, com 195 – e na Córrego de Ouro, 10 unidades.

 

Ontem (19), outras 230 cestas serão entregues sendo 70 unidades na aldeia Tomázia, 20 na Barro Preto, 90 na São João, e 50 na comunidade quilombola Família Osório. Outros que também entram nesse cronograma de repasse é a aldeia da etnia Guató, com 90 unidades.

 

Todo o trabalho de entrega está sendo acompanhado pelos brigadistas da Associação de Brigadistas Indígenas da Nação Kadiwéu (ABINK). Eles que foram imprescindíveis ao lado do PrevFogo/Ibama no combate das queimadas no Pantanal. “Teria que ser feito um trabalho de manuseio de campo porque são 538 mil hectares para cuidar. A minha luta, agora, é reivindicar para que o trabalho [brigada] nosso seja permanente com o Ibama. Não é para ter emprego, mas, pensando na questão do meio ambiente de como a gente pode manusear e conservar o Pantanal. E, a entrega das cestas, com certeza, ajuda dentro deste contexto de cuidado”, afirmou o vice-cacique da aldeia Alves de Barros, Gilberto Pires.

 

“A brigada tem sido um dos principais canais de comunicação dentro do território indígena. Tanto que na quarta-feira (18 de novembro) nos acompanharam em uma reunião, na aldeia São João, onde tratamos sobre a importância do trabalho de conservação do Pantanal. A ABINK é uma grande parceira que esteve à frente nessa atuação de combate ao fogo e que a gente acompanhou o quanto estava sendo difícil para eles”, destacou Lilian Ribeiro.

 

Lembrando que toda a entrega das cestas tem seguido um rígido protocolo de segurança – com uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento de no mínimo 1,5 m entre as pessoas – conforme os preceitos recomendados pela OMS – Organização Mundial de Saúde. Inclusive, todos as pessoas que integram à equipe fizeram o teste da Covid e passaram por um período de isolamento social. “Tudo pensando para que nossos colaboradores não se tornem vetores dentro dessas comunidades tradicionais”, frisou a coordenadora de políticas da Wetlands International Brasil e diretora-geral da Mupan, Áurea Garcia.

 

 

Foto: Wetlands International Brasil

No dia da consciência negra, comunidade quilombola nas Furnas do Dionísio dá exemplo de superação através do campo

Nas Furnas do Dionísio, a comunidade quilombola encontra no campo mais que um meio de sobrevivência, vê um meio de superação. É o caso da acadêmica, Vera Lucia Rodrigues dos Santos, de 37 anos, que é acadêmica do curso Educação no Campo, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que procurou na educação contribuir com o desenvolvimento do seu povo.

 

Vera Lúcia realiza sonha de entrar em uma universidade

“Comecei a estudar este ano, mesmo com pandemia e estou muito feliz por ter passado no vestibular. Eu já fiz dois semestres de pedagogia, mas por conta da dificuldade, da distância, dos filhos pequenos, tive que parar. Junto com uma amiga fizemos um curso preparatório e fomos aprovados”, o relato de Vera mostra a realidade das dificuldade de uma mulher quilombola e mostra como o campo virou uma oportunidade. “Não é o curso que sonhei desde pequena, mas é voltado para a escola do campo”.

 

Vera fala isso justamente porque o Quilombo tem como sua atividade econômica principal a agricultura familiar. “Minha comunidade tem professores que não são da comunidade, são de Jaraguari e de Campo Grande, então temos que formar professores da nossa comunidade, temos que ter nosso povo dando aula, das pessoas que sabem as nossas vivências dificuldades e culturas, que a gente consiga a escola na comunidade local e vice-versa. Essa é minha escolha”.

 

A preocupação de Vera e a importância da agricultura familiar para a comunidade local são reafirmadas pelo presidente da Associação, Nilson Abadio Martins. “O nosso maior desafio, em termos de produção, é conseguir vender e valorizar nossos alimentos. Como a nossa propriedade é de herança, recebida de geração a geração, precisamos regularização”, afirma o representante da comunidade que cita, ainda o apoio da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) para a questão burocrática e administrativa local.

 

“Atualmente negociamos, com auxílio da Agraer, na Ceasa, em Campo Grande. Produzimos hortaliças, farinha, rapadura, melado, açúcar mascavo, maxixe, jiló…”, reforça Martins que considera ainda as dificuldades para os negros em Mato Grosso do Sul. “Hoje a maior dificuldade negra em nosso Estado ainda é acessar universidade, ocupar uma cadeira onde deveria estar no colégio, dando aula, no lugar de alto escalão, a comunidade negra ainda é pouco vista, enfrenta dificuldades devido à baixa escolaridade, pouco estudo, fica difícil acessar o ensino superior e cargos importantes, delimitando as pessoas a lutar mais e buscar seus objetivos. A dificuldade ainda é grande”.

 

O técnico da Agraer, Marcílio Caceres, ressalta que a instituição pública visa fazer a ponte e fornecer assistência técnica para ampliar a rede de vendas da comunidade. “Damos o suporte à produção de hortifrutigranjeiros. A parte comercialização, de levar a associação à Ceasa, em um espaço específico, rapadura, melado, farinha, o que eles levarem, eles comercializam”.

 

Agraer dá suporte à produção de hortifrutigranjeiros, presidente da comunidade, Nilton, mostra atividade na comunidade 

 

Segundo o presidente Nilton, as comemorações na Comunidade Quilombola pelo Dia da Consciência Negra foram interrompidas devido à pandemia.

 

Já para a subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial do Estado de Mato Grosso do Sul, Ana José Alves, ainda há um longo para se percorrer quando o assunto é igualdade racial, porém, políticas públicas podem diminuir essa lacuna. “O governo afirma e reafirma seu compromisso com as políticas da promoção da igualdade racial foi aprovado o projeto ms quilombola que consiste na realização do diagnóstico socioeconômico cultural ambiental das 22 comunidades quilombolas, que ficam localizadas em 15 municípios. O dia 20 é um dia de celebração da cultura, das culturas relativas a nossa população. Somos 54% da população e em MS somos aproximados 50% de pretos e pardos”.

 

Não é mimimi. Diga não ao preconceito estrutural

 

Entre os problemas econômicos e a luta pelo crescimento, o que mais pesa, segundo a avaliação da Vera ainda é o preconceito estrutural, ou seja, aquele que não é dito ou expressado diretamente e sim por atitudes.

 

 

“Eu já sofri preconceito e sofro até hoje. Uma vez me disseram que uma pessoa estava procurando alguém com urgência para trabalhar em buffet e eu me ofereci, após ver minha foto pelo whatsapp a pessoa mudou de ideia rapidamente, depois descobri que era por causa da minha cor. Quantas vezes entro numa loja e ficam me seguindo, quantas vezes entrei num restaurante e não vieram me atender?”, reforça Vera: “não é mimimi. Falam que o Brasil é um país que não tem racismo, nem preconceito, mas não é verdade. A escravidão foi cruel, acabou com o nosso povo e ainda temos que ouvir: aonde se viu dar cotas”, ressalta Vera.

 

O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão, em 1888, no dia 13 de maio e com poucas garantias aos, então, libertos. O Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, tem como finalidade além de homenagear, resgatar as raízes do povo afro-brasileiro e é comemorado no Brasil no dia 20 de novembro. Esta data foi restabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003, porque coincide com o dia 20 de novembro de 1695, dia da morte de Zumbi dos Palmares, grande líder da resistência negra e da luta pela liberdade, autor da célebre frase: “Nascer negro é consequência, ser negro é consciência”.

Dia ‘D’ terá ajuda de drones dos Bombeiros Militar no combate ao mosquito da Dengue, Chikungunya e Zika, diz secretário

O Governo do Estado realiza o Dia D de combate à Dengue, Chikungunya e Zika, que integra a Campanha “Aproveite a Quarentena e Limpe o seu Quintal”. A ação que conta com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e Corpo de Bombeiros Militar, será no próximo dia 21 de novembro, às 8 horas, na Escola Estadual Dr. Arthur de Vasconcellos Dias, na Rua Dr. Jivago, 744, no bairro Estrela do Sul.  Além de Campo Grande, a ação acontece em mais 23 municípios do Estado.

 

Para o secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende, a população não deve descuidar do Aedes aegypti. “É preciso lembrar que a Dengue tem feito vítimas em nosso Estado, por isso a importância desta campanha. A comunidade deve estar atenta porque 80% dos reservatórios com proliferação estão nas casas das pessoas”.

 

Ele lembra ainda que a população deve manter sempre os cuidados ao longo do ano. “Não podemos baixar a guarda. A proposta do Dia D, assim como as demais ações previstas, são essenciais para a conscientização. Vamos aproveitar que muitas pessoas estão ficando em casa por conta da pandemia da Covid-19, para intensificar a guerra contra o mosquito”, destaca Resende.

 

Segundo a diretora-geral de Vigilância em Saúde da SES, Larissa Castilho, “o Dia D vai contar com a participação dos bombeiros militares que atuarão dentro das ações que serão desenvolvidas em Campo Grande, com apoio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), e nas demais cidades do interior do Estado, a qual a parceria é importante para o desenvolvimento das estratégias de combate ao Aedes Aegypti”.

 

Dia D

 

Como ação estratégica para reduzir os focos do mosquito Aedes aegypti e orientar a população sobre os cuidados para se evitar acúmulo de lixo e resíduos que possam contribuir para formação de criadouros do mosquito, os participantes do Dia D vão percorrer as principais ruas do Estrela do Sul. Mas a campanha deve priorizar também os demais bairros com maior registro de incidência de casos de Dengue em Campo Grande.

 

Em parceria com a SES, o Corpo de Bombeiros Militar vai disponibilizar cerca de 20 militares, além de drones que deverão auxiliar os agentes na identificação de possíveis focos do mosquito em quintais, calhas, caixa d’águas e telhados. Duas viaturas também deverão dar suporte à campanha, sendo um caminhão Auto Plataforma Área e uma Viatura do Sistema de Comando de Incidentes.

 

Já nos municípios de Dourados, Corumbá, Ponta Porã, Três Lagoas, Aquidauna, Anastácio, Jardim, Bonito, Nova Andradina, Paranaíba, Coxim, Naviraí, Chapadão do Sul, Caarapó, Fátima do Sul, Ivinhema, Mundo Novo, Maracaju, Porto Murtinho, Aparecida do Taboado, Amambai, Bataguassu e Costa Rica, os militares do Corpo de Bombeiros Militar farão blitze educativas em pontos estratégicos, com trabalho de conscientização à população.

 

Como parte da rede de apoio à Campanha da SES, a Sesau vai disponibilizar cerca de 60 agentes de saúde e de endemias e mais 10 supervisores que farão o mutirão para vistoriar os imóveis, inclusive aqueles que se encontrarem fechados.

 

Dengue

 

A doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que também é responsável por transmitir duas graves enfermidades: a Zika e a Febre do Chikungunya. Para controlar a proliferação do mosquito é preciso evitar água parada, em qualquer época do ano, mantendo bem tampado tonéis, caixas e barris de água, caixas d’agua; acondicionar pneus em locais cobertos; remover galhos e folhas de calhas; não deixar água acumulada sobre a laje; encher pratinhos de vasos com areia até a borda ou lavá-los uma vez por semana e fazer sempre a manutenção de piscinas.

 

Além disso, é importante trocar água dos vasos e plantas aquáticas uma vez por semana; colocar lixos em sacos plásticos em lixeiras fechadas; fechar bem os sacos de lixo e não deixar ao alcance de animais; manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo; tampar ralos; catar sacos plásticos e lixo do quintal, entre outras medidas que impeçam o acúmulo de água e de sujeiras.

Contran revoga resolução que interrompia prazos de serviços de trânsito e Detran-MS elabora novo cronograma

A partir do dia 1º de dezembro, os prazos de processos e de procedimentos afetos aos órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito (SNT) deverão ser retomados de forma gradativa. O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) aprovou proposta que revoga a Resolução nº 782, de 18 de junho de 2020, que referendava as Deliberações nº 185 e 186, publicadas em 20 e 26 de março de 2020, respectivamente, por conta da pandemia de Covid-19. Dessa forma, serviços como renovação de Carteira Nacional de Habilitação (CNH), transferência de veículos e envio de notificações de autuação passam a vigorar com novos prazos a partir de 1º de dezembro.

 

Para o diretor-presidente do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), Rudel Trindade, a Resolução foi muito importante, levando em conta o momento pelo qual passamos desde o início do ano diante do quadro de emergência sanitária imposto pela pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19). “Buscamos seguir todas as medidas de biossegurança orientadas pelas autoridades em saúde e percebo que a suspensão de alguns prazos foi fundamental para evitar aglomerações. Agora é hora de retomar as atividades, com muita cautela, pois sabemos que a pandemia ainda não chegou ao fim. Por isso os prazos serão retomados gradativamente”, comentou.

 

O presidente do Contran e diretor-geral do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Frederico Carneiro, explica os motivos que levaram à publicação da decisão e sua atual revogação. “A Resolução nº 782, de 2020, trouxe medidas para mitigar os impactos decorrentes da pandemia do Novo Coronavírus. A publicação foi necessária, visto que os órgãos de trânsito estavam com suas atividades paralisadas e, portanto, inviabilizados de cumprir os prazos estabelecidos no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Procuramos estabelecer regras que permitam a retomada dos serviços e prazos de modo a causar o menor transtorno ao cidadão, adequando à capacidade de atendimento por parte dos órgãos de trânsito”, esclarece.

 

A revogação restabelece a contagem dos prazos de maneira acessível, tendo em vista a normalização das atividades dos órgãos de trânsito e o retorno das atividades presenciais ao público e, portanto, o cumprimento dos prazos previstos na legislação. Os processos relacionados às infrações de trânsito, a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o licenciamento de veículos, e nos processos envolvendo as Instituições Técnicas Licenciadas (ITL), terão diferentes maneiras de retomada, conforme a necessidade.

 

O calendário local será divulgado em breve pela Diretoria de Veículos do Detran-MS.