Santa Casa de Campo Grande realiza pela primeira vez procedimento inovador de cateterismo pancreático

As equipes da Clínica Médica e Radiologia Intervencionista da Santa Casa de Campo Grande realizaram no último dia 29 de setembro de 2021, um procedimento inovador e complexo para acesso importantes artérias responsáveis ​​pela irrigação sanguínea ao pâncreas, com o objetivo de identificar de forma mais precisa a doença que acometeu uma paciente internada no hospital.

 

De acordo com uma das médicas responsável por acompanhamento o procedimento, “tal procedimento nunca foi feito na Santa Casa, e até mesmo em grandes centros no país é feito de modo raro, isso devido à escassez de casos e, por consequência, se usa indicação específica ” , comentou Drª Karen Duran.

 

O cateterismo pancreático é capaz de dar condição de acesso às artérias chamadas de: mesentérica superior, esplênica e gastroduodenal, responsáveis ​​pela irrigação sanguínea do pâncreas. Este acesso é garantido através da punção da artéria femoral direita com colocação de um fio-guia e imagem radiológicas em tempo real do trajeto do mesmo até que chegue as devidas artérias.

 

Em cada uma delas é injetada uma substância chamada glutonato de cálcio que, por meio de mecanismos celulares, promove liberação de insulina. Em cada uma dessas artérias é colocado uma dose criteriosa de gluconato de cálcio, isso de acordo com o peso do paciente e, assim, coletadas como as sanguíneas (de cada uma dessas artérias), e em tempos diferentes 0, 30, 60 e 120s após a infusão, onde a equipe faz a dosagem do valor da glicose momento, insulina e cálcio sérico.

 

Mas como seria coletada estas hum?

 

Além da artéria femoral, também é possível puncionar (logo no início do procedimento) a veia jugular interna à direita que chegará por meio do fio-guia até a veia hepática direita, de onde são feitas todas as coletas necessárias para o exame. No total são 12 tubos de s de sangue para verificar em qual das porções do pâncreas o paciente está com secreção aumentada de insulina, como explica a médica.

 

Por ser um exame invasivo, porém em menor proporção se compararmos a uma cirurgia aberta por exemplo, está indicado apenas quando uma investigação da hipoglicemia (queda vertiginosa das taxas de açúcar no sangue), já não obteve resultados com exames laboratoriais e de imagem, como no caso da paciente da Santa Casa que havia feito ressonância, tomografias, ultrassom endoscópica e diversos exames mais avançados para análises de sangue que foram diversas vezes para São Paulo, conforme explica a médica.

 

“O caso desta paciente é uma condição rara, no qual ela apresenta hipoglicemia grave desde a infância, e ainda sem diagnóstico fechado. Em busca de respostas, aguarda incontáveis ​​vezes a unidade de emergência da cidade de origem com tremores, rebaixamento do nível de consciência, e chegando a apresentar glicemia de 19 ” , destacou a Drª Karen.

 

Durante todo o procedimento, um paciente fica monitorizado, acordada, com glicemias verificadas e corrigidas de modo extremamente criterioso, havendo também do médico anestesista. E com esta técnica, a expectativa do resultado do exame é estabelecer diagnóstico da condição rara, para assim, receber o tratamento direcionado e, por consequência, reduzir internações (que geram outros riscos), e ainda melhorar a qualidade de vida, como qualquer doença bem controlado.

Os médicos responsáveis ​​pela condução do procedimento pela equipe de clínica médica foram Drª Clicia Moura Fé e Drª Karen Duran e pelo médico Radiologista Intervencionista, Dr. Daniel Marques, que também é o responsável pelo serviço no hospital.

 

Dia Nacional do Idoso: Motorista de 79 anos é o homem com mais idade do Estado a ter a primeira habilitação

Antônio Bezerra da Silva, 79 anos, não pisava em uma sala de aula há pelo menos 73, já que sua breve vida de estudante durou apenas até a segunda série, quando tinha por volta de seis anos de idade. Mas no início do ano passado, o idoso de opinião forte, já tinha “botado na cabeça”, que precisava tirar a habilitação. Isso depois de passar a vida dirigindo nas estradas rurais da região de Dourados, onde foi criado e formou família. Ele é o homem com a idade mais avançada a tirar a primeira habilitação em Mato Grosso do Sul.

 

Reconhecendo esse esforço e uma história que merece ser contada como exemplo de força de vontade e para celebrar o Dia Nacional do Idoso, comemorado ontem,  1º de outubro, a assessoria de comunicação do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), acompanhada da diretora de Habilitação, Lina Issa Zeinab, partiu rumo a Dourados para ouvir de perto essa conversa.

 

Seo Bezerra e dona Gercelina posando ao lado do documento tão esperado!
(Fotos: Vivianne Nunes)

 

 

 

E foi na casa do seo Bezerra,  acompanhado da esposa, dona Gercelina Senna da Silva, 74 anos, rodeado pela filha e alguns netos, que a história começou a ser contada, provavelmente pela centésima vez, levando em conta que seo Bezerra se tornou muito popular junto ao CFC (Centro de Formação de Condutores) que o atendeu e as pessoas próximas.

 

“Eu já dirigia, minha filha. Aprendi sozinho! Já puxei muita tora com aqueles ‘caminhão’ velho, sabe?”, contava o recém habilitado. Acontece que ele passou anos trabalhando em fazendas e “naquela época”, as coisas eram “muito diferentes”, como ele diz. E com o passar do tempo, ele mesmo viu sentido naquele velho ditado: “Antes tarde do que nunca”.

 

“Pensei: eu tenho carro, vou dar um jeito de tirar essa habilitação, mesmo que eu sofra um pouco mais”, contou animado!

 

Só que o processo foi longo e cheio de desafios para um senhor que, apesar da boa saúde física e mental, já possui as dificuldades naturais da idade. Para ele, a sala de aula foi a pior parte. Reprovou duas vezes antes de conseguir passar. “A gente tem que ‘moringar’ muito. Na segunda vez, quando me falaram que eu tinha reprovado de novo, deu vontade de desistir, fiquei até nervoso”, reclamou. “Mas depois voltei atrás e falei que iria até o fim. Acho que Deus me ajudou”.

 

Depois começaram as aulas práticas e ele já se sentia o mestre da baliza. “Dois, três minutos”, ele garante que era esse o tempo que gastava para passar por elas. Mas aí, no percurso, ele acabava se dando mal. A própria diretora de Habilitação lembra que esse é um grande problema para os candidatos a habilitação que já sabiam dirigir antes do teste. “Eles chegam cheios de vícios e apesar da confiança, erram em detalhes importantes”, afirmou Lina.

 

Esse foi o caso do seo Bezerra. A primeira prova, esqueceu do cinto e acabou reprovado. Na segunda, não deu seta para virar. Apenas na terceira avaliação de percurso é que ele não esqueceu nada e foi aprovado. “Passei em primeiro lugar. Todo mundo ficou tão feliz que quis tirar até foto comigo lá na autoescola”.

 

Dono de um olhar azul incrivelmente feliz, seo Bezerra diz que o apoio da família foi muito importante para essa conquista. Dona Gercelina conta que ele chegava em casa nervoso, mas não desistia. “Eu tinha medo era que ele tivesse um treco no coração. Fazia até chazinho pra ele se acalmar”, desabafou entre uma gargalhada e outra. “Minha filha, você acredita que eu tenho aqui em casa dois netos que estão tentando tirar a habilitação há muitos meses e não conseguem? E meu velho conseguiu!”, contou cheia de orgulho. Mesmo com as dificuldades, o apoio da família sempre esteve presente e ele lembra que foi o mais importante para conseguir vencer.

 

No término daquele bate papo descontraído, que começou na calçada e terminou em uma mesa típica do interior com bolo e refrigerante, uma sessão de fotos ao lado do guerreiro, seu Gol Branco 1993. “Andei fazendo uns reparos e tá tudo certinho aqui. Dirijo sempre com cuidado e nunca me envolvi em acidente. O pior tipo de motorista é aquele desatento e sem consciência, mas eu não sou assim”, concluiu.

 

Para a diretora de Habilitação, Lina, essa é uma daquelas histórias que enchem o coração de fé na humanidade. “Deixamos a casa do Seo Bezerra com uma alegria muito grande no coração. É bom saber que existem exemplos como esse para os demais. Eu digo que o processo de habilitação não é difícil, ele apenas exige atenção, foco e entrega, além de muita responsabilidade, pois é isso que o trânsito precisa”,concluiu.