Pesquisas na UFMS buscam desenvolver novos materiais odontológicos com nanopartículas

Com tamanho entre um e cem nanômetros, as nanopartículas já invadiram o universo odontológico, onde as pesquisas buscam desenvolver novos materiais, melhorando suas propriedades. Na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), algumas pesquisas com nanotecnologia estão sendo realizadas na Faculdade de Odontologia (Faodo), com parceria do Instituto de Química (Inqui).

 

“Essa é uma área de grande potencial no desenvolvimento e melhora dos materiais odontológicos. A expectativa é de que a nanotecnologia desbrave até outras áreas que ainda precisam de melhores soluções, como a sensibilidade dentária, incômodo muito frequente em pacientes”, explica a professora Margareth Coutinho, que coordena a pesquisa “O desenvolvimento de materiais odontológicos contento nanopartículas”, e orienta uma série de outras pesquisas na área.

 

Minimalismo

 

Uma das propostas em estudo é a utilização de nanopartículas de óxido de zinco (ZnO) inseridas no cimento com finalidade ortodôntica.

 

“O óxido de zinco foi introduzido no cimento com o intuito de melhorar a efetividade antimicrobiana. Esse cimento fixa os brackets nos dentes dos pacientes – geralmente jovens, que já tem uma higienização deficiente, o que é preocupante pois o tratamento ortodôntico dificulta por si só higiene dental”.

 

Pela pesquisa de mestrado, foram inseridas nanopartículas de ZnO em um agente cimentante já comercializado, na tentantiva de instalar a propriedade antimicrobiana no cimento resinoso. “Nós conseguimos num curto período de tempo essa ação antimicrobiana, de 10 a 15 dias. Entretanto, ainda temos de evoluir nesse trabalho a longo prazo”, explica a professora.

 

Outra pesquisa buscou aumentar a resistência do cimento ionomérico a partir do uso de nanopartículas. “Nesse caso, embora as nanopartículas de sílica não tenham prejudicado as propriedades desse material, não houve melhora da resistência, então precisamos continuar verificando quais outras nanopartículas poderiam ser utilizadas, visto que a nanosílica não teve o efeito esperado”, expõe.

 

Atualmente, está sendo produzida nanopartícula de sílica ligada a arginina, com a proposta de reduzir a permeabilidade dentinária e, com isso, se o resultado for favorável, poderá impedir a sensibilidade pós-operatória. Nas situações de dentina radicular expostas, poderá até reduzir a sensibilidade dos pacientes.

 

“Estamos trabalhando com nanosubstâncias, desenvolvendo um protótipo, e assim dar continuidade com a elaboração de materiais mais efetivos na redução da permeabilidade e sensibilidade”. A ideia primeira é melhorar a qualidade do procedimento restaurador, reduzindo a sensibilidade pós-operatória e, ao mesmo tempo, aumentar a longevidade da restauração.

 

“Nós iremos fazer várias substancias com arginina. Uma delas tem a nanosílica, que foi ligada quimicamente a arginina. Esperamos encontrar aí um bom resultado, comparando os produtos com nano e sem nano”, completa a professora.

 

Endodontia

 

A nanotecnologia também atende bem a endodontia, “ramo da odontologia que trata da etiologia, diagnóstico, terapêutica e profilaxia das doenças e lesões que afetam a polpa dentária e a raiz dentária, bem como o tecido periapical”.

 

O professor Danilo Guerisoli foi quem iniciou as pesquisas com nanopartículas voltadas à odontologia na UFMS. “Trabalhei com nanoparticulas aplicadas a materiais obturadores de canais articulares, predominantemente nanopartículas de prata, com o objetivo de aumentar a efetividade bactericida e ou bacteriostática dos materiais obturadores”, explica.

 

As nanopartículas testadas foram eficientes em aumentar a ação bactericida dos materiais obturadores. “Registramos uma efetividade dez vezes maior na morte de cepas bacterianas”, diz o professor Danilo.

 

Para o professor, a nanopartícula não tem volta. “Temos maior eficácia no controle bacteriano, principalmente na endodontia, onde o fator etiológico é a bactéria. A partir do momento que você consegue controlar a infecção tem maiores chances no tratamento, com a cura da principal doença que tratamos, a periapicopatia”.

 

Texto: Paula Pimenta

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