Universidade Federal de MS: Trabalho de conclusão em Arquitetura e Urbanismo aborda moradia para nômades

Intitulado “Aracnídeos Globais”, o trabalho de conclusão de curso de Sol Ztt (Driely Sol Zanatto), orientada pelo professor Gilfranco Alves, foi selecionado pelo site ArchDaily como um dos 30 melhores de 2018 dos leitores de países lusófonos. A seleção foi feita entre 466 propostas de todo o Brasil e de cidades como Lisboa (Portugal) e Luanda (Angola).

 

De acordo com Sol Ztt, o objetivo foi desenvolver uma estrutura arquitetônica  para pessoas que vivem em movimento devido à facilidade que a tecnologia atual permite. A proposta é uma estrutura capaz de ser realizada por qualquer pessoa com acesso à tecnologia. Segundo o orientador, professor Gilfranco, “trata-se de uma moradia nômade, que pode ser transportada, montada e desmontada, favorecendo a mobilidade e colocando-se como uma alternativa para o turismo de baixo impacto, como o praticado especialmente por estudantes e mochileiros. É uma geodésica retrátil, criada com a utilização dos softwares Rhinoceros e Grasshopper, em que os parâmetros são alterados de acordo com as necessidades pessoais”.

 

Sol Ztt – Foto: Alexandre Radtke

O tema surgiu durante o processo de pesquisa que ocorre na disciplina Fundamentos de Trabalho de Conclusão de Curso (FTCC), e foi proposto pela então acadêmica em concordância com o orientador. “Quando comecei a pensar no TCC tinha alguns desejos em mente. Primeiramente gostaria de trabalhar com algo que pudesse ser concretizado, algo que me mostrasse uma arquitetura do início ao fim, da concepção filosófica até a presença arquitetônica em nosso mundo tangível, em 3D. E o segundo desejo era de relacionar o tema do trabalho com algo que fosse genuinamente meu, algo que eu tivesse experimentado, que estivesse em contato com minha vida. Acreditei que dessa forma conseguiria enriquecer o trabalho a todo instante”, lembra.

 

Entre 2014 e 2017 Sol Ztt realizou viagens à Europa e países da América Latina nas quais não só vivenciou essa condição de deslocamento por períodos mais longos, como também teve contato com pessoas que “há quase um ano ou mais estavam trabalhando para continuar seus deslocamentos, sempre com a utilização de celulares e computadores. Vi ali um território possível para a arquitetura se instalar”.

 

A pesquisa foi desenvolvida em dois semestres, correspondentes às disciplinas de FTCC e TCC. “O trabalho contemplou as instâncias de teoria e prática, a primeira com revisão bibliográfica e desenvolvimento de monografia, e a segunda com uma série de protótipos e experimentos que retroalimentaram as investigações teóricas. Os experimentos utilizaram várias técnicas, dentre as quais, prototipagem e fabricação digital em escala 1:1, inclusive”, explica o professor.

 

Foto: Marco Antônio Endo

“A estrutura desenvolvida deveria ser móvel para suprir as necessidades das pessoas que a usariam, para isso foi necessário entender os mecanismos de abertura e fechamento, leveza da estrutura, materialidade, espacialidade, movimento, rotação e etc, diversas incógnitas que só foram possíveis de serem respondidas com a realização de experimentos, tanto na instância física quanto digital”, complementa Sol Ztt.

 

O tema também foi trabalhado na disciplina “Design paramétrico e fabricação digital”, ministrada pelo orientador e pela egressa, como professora voluntária, e ofertada no primeiro semestre de 2018 a 25 alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMS. “Tivemos uma grande aceitação por parte dos meus colegas de academia. Buscamos aplicar o que descobrimos juntos no desenvolvimento do TCC, trabalhando a prototipagem digital e física para que os alunos pudessem aprender com a experiência, tivessem o contato com os materiais e que pudessem se desprender do medo de errar. Nesses seis meses puder dividir com eles o que aprendi e aprendi muito com eles também”, aponta Sol Ztt. “A relevância da disciplina se deu em termos de método, que propunha a prototipagem sucessiva no desenvolvimento dos projetos, acatando e analisando os erros como potencializadores das etapas subsequentes”, lembra também o professor Gilfranco.

 

Foto: Sol Ztt

Sobre a indicação do ArchDaily a arquiteta e urbanista se alegrou com o reconhecimento de outros profissionais quanto ao que produziram. “Recebi com muita honra a indicação. Fico feliz em poder trazer esse reconhecimento para nossa Universidade e especialmente para o Curso de Arquitetura e Urbanismo, além de incentivar outros alunos a produzir algo que não seja comum. Entrar em um território desconhecido é lidar com o imprevisto a todo instante, mas é a forma de conseguir produzir o que jamais esperamos”, finaliza.

 

Além da monografia e dos protótipos, a pesquisa conta com um manual de realização da estrutura e um vídeo tutorial disponibilizado aqui. O desenvolvimento dos protótipos gerou ainda uma exposição (F5) com oficina no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul, em outubro de 2018.

 

Fonte: UFMS

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