Na Santa Casa de Campo Grande, transplantes de córnea reduzem na pandemia, mas continuam devolvendo visão

Em 2020, de janeiro a agosto, foram realizados 16 transplantes de córneas na Santa Casa de Campo Grande, sendo metade em meio à pandemia global do novo coronavírus. Nesse período, por determinação do Ministério da Saúde e orientação da Associação Panamericana de Banco de Olhos (APABO), as captações dos tecidos devem ser apenas em pacientes com morte encefálica declarada. Mesmo com essa restrição, o Banco de Olhos, juntamente com a Organização de Procura de Órgãos (OPO), tem devolvido a visão de pacientes que precisaram passar pelo procedimento por algum motivo.

 

 

Diferentemente dos anteriores, mas garantindo a qualidade de vida das pessoas, neste ano houve 95 doações de córneas no hospital sendo que destas, 85 foram disponibilizadas para transplantes na Capital, após as análises clínicas. Deste montante, 16 puderam ser implantadas em pacientes que buscaram atendimento emergencial ou no ambulatório da instituição.

 

 

Além das córneas, outro tecido utilizado em procedimentos são as escleras – parte branca do globo ocular – que é aproveitada para curativos em caso de perfuração de esclera e, também, para recobrir próteses oculares em caso de pacientes que realizaram enucleação – retirada de globo ocular – por consequência de acidentes, infecções ou doenças oculares, como por exemplo em caso de câncer ocular. Nesses primeiros nove meses do ano, 20 escleras foram disponibilizadas para transplantes e, destas, três permaneceram na Santa Casa.

 

 

Neste mês de setembro, dedicado à conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, o apelo dos serviços em saúde é para que a pessoas continuem expressando sua vontade de ser doador aos familiares, pois essa atitude altruísta contribuirá com a qualidade de vida de centenas de pacientes que hoje aguardam por um transplante, conforme explica a diretora do Banco de Olhos “Anjos da Visão”, Drª Cristiane Bernardes.

 

 

“Mais do que nunca contamos com esse gesto de amor que é a doação de órgãos, pois o número de doadores de córneas sofreu uma drástica redução desde o início da pandemia pelo coronavírus. É preciso reforçar o diálogo sobre sua intenção, expressar ainda em vida seu desejo de continuar ajudando outras pessoas após a morte”.

 

 

A especialista também alerta que a maior incidência nos casos que necessitam de transplante deve-se à perfuração da córnea e acontece por diversos fatores, como traumas, infecções por bactérias e fungos ou úlceras, que são as mais comuns na região sul-mato-grossense pois agridem o tecido corneano até evoluir para perfuração, como no caso do paciente Devair Videira Munhoz, de 43 anos.

 

 

 

 

Devair trabalhou por muitos anos exposto ao sol e sem proteção. Ele recorda que, no início, constantemente sentia ardência nos olhos e, com o passar do tempo, começou a perceber que sua visão estava ficando embaçada e com fortes dores. “Sempre pensei que não era nada demais, apenas uma irritação, mas por insistência de amigos procurei um médico, que ao se deparar com minha situação, me relatou que o estado era muito grave. Então dei início ao tratamento”, lembrou o paciente.

 

O tratamento começou em Três Lagoas, mas com o agravamento do quadro ele tentou dar continuidade em Andradina/SP. Sem sucesso e com uma evolução significativa da lesão, o paciente foi transferido para a Santa Casa Campo Grande. “Chegando aqui, outro profissional me avaliou e relatou ali mesmo que eu precisava de um transplante de córnea. Eu não entendia muito sobre o assunto, mas senti a importância de ser um doador de órgãos eu quem estava precisando naquele momento”, concluiu Davair.

 

Fonte: Santa Casa CG

 

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