Em três anos, Hospital da Santa Casa de Campo Grande intermediou mais de 700 transplantes de córneas

Com o único Banco de Olhos em Mato Grosso do Sul e referência em atendimentos oftalmológicos de urgência e emergência, a Santa Casa de Campo Grande realizou 78 transplantes de córneas nos últimos três anos, beneficiando pessoas que aguardavam na fila à espera do tecido compatível. Nesse mesmo período, o hospital intermediou outros 654 transplantes de córneas, por ser o órgão centralizador dos tecidos captados.

 

Este ano, de janeiro até a primeira quinzena de abril, já foram 11 transplantes de córneas no hospital e outras 57 córneas enviadas para outras instituições dentro e fora do Estado.  A maioria dos casos que levam ao procedimento está relacionada à perfuração da córnea, como aconteceu com o paciente Bruno Lino da Silva, 29 anos, morador de Nova Andradina.

 

O acidente dele foi causado durante o preparo de um churrasco, quando um fragmento de carvão entrou em seu olho direito, o que em poucas horas evoluiu para a “perda” da percepção visual e fortes dores. “Na hora eu até tentei limpar, mas mesmo assim continuou coçando durante a noite toda. Só no outro dia que consegui vir para Santa Casa tratar, chegando aqui fui informado da gravidade do caso e que eu poderia perder a visão”, lembrou.

 

A médica oftalmologista Drª Cristiane Bernardes, que também é diretora do Banco de Olhos do Hospital, explicou que devido à gravidade do ferimento, o caso do paciente era de urgência e que só o tratamento clínico não seria suficiente. “Ele chegou com a córnea toda comprometida e com o olho já perfurado. Iniciamos o tratamento com a colocação de um adesivo tecidual para que pudéssemos estabilizar a evolução da úlcera até que chegasse uma córnea compatível e passados alguns dias, ele realizou seu transplante”.

 

A especialista também explica que, com a pandemia do novo Coronavírus, atualmente as captações das córneas estão sendo feitas apenas em pacientes com morte encefálica declarada. Antes o procedimento poderia ser realizado em todos os doadores que sofreram parada cardiorrespiratória. A restrição atende a uma determinação do Ministério da Saúde e orientação da Associação Panamericana de Banco de Olhos (APABO) para esse período de enfrentamento mundial à COVID-19. “Essa determinação que permite a captação apenas em pacientes doadores de múltiplos órgãos, diminui a quantidade de tecidos doados, mas traz maior segurança nos processos”.

 

Com a mudança na rotina de captação de córneas, os tecidos em análise e disponíveis para transplante estão sendo liberados somente para procedimentos de urgência e emergência. O Banco de Olhos da Santa Casa trabalha na busca ativa de doadores e com a missão de captar, processar e distribuir tecidos oculares humanos, prezando pela excelência na qualidade e proporcionando aos pacientes transplantados uma nova perspectiva de vida.

 

Com 20 dias de transplante, Bruno recupera-se dentro do esperado pela equipe médica.  Ao retornar para uma consulta de rotina ele fez questão de deixar uma mensagem de conscientização e agradecimento. “O procedimento correu tudo bem graças à equipe da doutora que me tratou com muita atenção. Peço que reforcem o cuidado ao manipular as coisas, por menor que sejam, pois isso pode causar danos como o meu. Agradeço também, a família que autorizou a doação das córneas que, hoje, me deu a possibilidade de continuar a enxergar”, disse.

 

 

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