Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian realiza pesquisa inédita com células-tronco, em Campo Grande

A equipe do Centro de Estudos em Células-Tronco, Terapia Celular e Genética Toxicológica do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (CeTroGen/Humap) realizou, no dia 2 deste mês de outubro, a primeira terapia celular com células-tronco mesenquimais do estado de Mato Grosso do Sul, dando o primeiro passo para a introdução desse tipo de terapia no Sistema Único de Saúde (SUS) na região Centro-Oeste.

 

O projeto, intitulado “Efeitos da terapia celular com células-tronco mesenquimais do tecido adiposo e do infiltrado de plasma rico em plaquetas no tratamento de osteoartrite não responsiva ao tratamento medicamentoso”, é uma parceria entre o CeTroGen e o setor de Ortopedia, financiado pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) e foi aprovado pelo Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).

 

“Esse momento é um divisor de águas visto que o Humap está vivenciando a medicina translacional acontecendo dentro de suas paredes, ou seja, estudos iniciados em modelos experimentais, na pesquisa básica, agora são realizados dentro de nosso centro cirúrgico como importante esperança para pacientes que convivem com dor crônica e que não conseguiam mais aliviar sua dor com medicamentos”, afirma a coordenadora clínica do CeTroGen, Dra Andréia Antoniolli.

 

Essa terapia celular tem a capacidade de modular o processo inflamatório das articulações de joelhos de pacientes uma vez que a célula-tronco tem efeito anti-inflamatório, bem como poderá reconstituir parte da cartilagem desgastada e, assim, teremos um exemplo de medicina regenerativa.

 

Procedimentos

 

As células do paciente foram coletadas no dia 27 de agosto, por lipoaspiração, no Centro Cirúrgico do Humap. Em seguida essas células foram levadas para o CeTroGen e processadas para que fossem separadas somente as células-tronco mesenquimais da gordura.

 

“Durante o processamento basicamente se faz uma digestão da gordura por uma enzima (proteína que quebra o tecido adiposo em pequenas partes para que sejam liberadas as células-tronco). Em seguida são feitas centrifugações com lavagens das células e as células-tronco são colocadas em um frasco de cultura. Essas células foram cultivadas diariamente entre 28 de agosto e 2 de outubro, quando se atingiu em torno de 200 mil células. Então as células foram lavadas para que restassem apenas células-tronco mesenquimais, colocadas em 3ml de solução fisiológica e injetadas na articulação do joelho do paciente”, detalha o coordenador técnico do CeTroGen, Rodrigo Juliano Oliveira.

 

Histórico de pesquisas

 

As pesquisas com células-tronco mesenquimais tiveram início em 2010, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Em 2013 foi implantado no Humap o CeTroGen.

 

“Este laboratório oferece a infraestrutura que nos permitiu consolidar a linha de pesquisa e estabelecer protocolos de separação e cultivo de células-tronco mesenquimais e avançar nas pesquisas. Hoje, além dos ensaios experimentais em animais, temos três estudos em humanos, aprovados pelo Conep e financiados pela Fundect”, destaca Andréia Antoniolli.

 

Além da pesquisa do efeito de células-tronco mesenquimais no tratamento osteoartrite de joelho, também estão sendo desenvolvidas no CeTroGen pesquisas para verificar o efeito das células-tronco mesenquimais na doença de Crhon e nas lesões do tendão de Aquiles.

 

Células-tronco mesenquimais

 

As células-tronco mesenquimais podem ser obtidas através de diversas fontes, como parede do cordão umbilical, medula óssea, polpa dentária, tecido adiposo, entre outras. São células consideradas multipotentes, ou seja, apresentam potencial de se diferenciar nos mais variados tecidos do organismo, como por exemplo, tecido muscular, nervoso, cartilaginoso, ósseo, etc.

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