‘Meu irmão levou o tiro do lado em que grupo da PF estava”, denuncia Otoniel Terena

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Otoniel Terena, irmão de Oziel Gabriel, indígena morto na manhã desta quinta-feira (30) durante reintegração de posse em área da Terra Indígena Buriti (MS), tem uma certeza: o tiro que matou Oziel partiu de um grupo de policiais federais que tentava retirar os Terena da fazenda Buriti. O indígena afirma que o atirador estava entre 10 e 20 metros de Oziel.

ziel Gabriel tinha 35 anos e morava na aldeia Córrego do Meio. Deixa uma esposa e dois filhos (Foto: CIMI)
Oziel Gabriel tinha 35 anos e morava na aldeia Córrego do Meio. Deixa uma esposa e dois filhos (Foto: CIMI)

“Meu irmão levou o tiro do lado em que a PF estava. Os policiais se dividiram em três grupos. Eu estava com outros indígenas no lado dos policiais militares; meu irmão do lado da PF. Ouvimos tiros vindos de lá, do lado da PF. Depois vieram carregando o Oziel, para levá-lo ao hospital”, conta com voz embargada Otoniel. A Polícia Federal assumiu ter usado arma letal.

Além da Polícia Federal, a Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais (Cigcoe), batalhão da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, também atuou na tentativa de reintegração de posse. Outro indígena, Cleiton França, conforme repetidos relatos dos indígenas por telefone, foi atropelado por uma caminhonete da PF. Ele quebrou a clavícula e está internado num hospital de Aquidauana (MS).

Os 3.500 Terena seguem na área retomada, alvo da reintegração de posse. Foram levados para a sede da Polícia Federal 15 indígenas presos durante a ação. A informação é baseada no levantamento dos próprios indígenas. Conforme o coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Flávio Vicente Machado a polícia iria liberar os presos depois de colher depoimentos.

Otoniel não quer consolo. “Deram um tiro no meu irmão que a bala varou o corpo. Destruiu tudo por dentro. Ele não teve chances de sobreviver”. O indígena afirma que a polícia não negociou: “Chegaram atirando. Pensamos que era arma com bala de borracha. A terra é algo comprovada como nossa”.

Fonte: Conselho Indigenista Missionário

 

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