Em Campo Grande, Justiça Itinerante une 55 casais no Dia de Santo Antônio

ZeroUmInforma – A unidade móvel nem estava estacionada e as pessoas iam chegando aos poucos. 6h30 da manhã e a fila já era longa. O juiz conferia os documentos dos presentes, deixando tudo em ordem para a equipe e o policial direcionava as filas. Apesar do feriado municipal, do Padroeiro da Capital (Santo Antônio), começava mais um dia de trabalho no ônibus da Justiça Itinerante, no bairro Estrela Dalva.

 A expectativa era que aparecesse um casal vestido a carater para um casamento. E a população continuava a chegar. Alguns homens de blazer ansiosos à espera de serem chamados para oficializar a união. Mulheres bem vestidas, maquiadas, completavam a cena – e as novas famílias iam se formando. Até que, de repente, uma noiva tímida, de 21 anos, apareceu de branco.

Questionada a respeito do traje, ainda que não o tradicional vestido de noiva, ela explicou: “Eu curto a página do TJMS nas redes sociais e vi que iam tirar fotos. Como já pretendíamos casar e nunca dava tempo, aproveitamos o feriado. E estamos aqui”. Os jovens contaram que não haveria festa, apenas um almoço em família. Contando que estavam juntos há dois anos, embora fossem amigos há quase cinco, João Vitor Quevedo, 27 anos, e Beatriz Regina finalmente tornaram-se marido e mulher.

E os atendimentos iam sendo realizados. Dentro do ônibus, a equipe trabalhava a todo vapor, solucionando a demanda de quem busca a justiça. Entre as muitas pessoas que esperavam para ser atendidas estavam Luzia Aparecida dos Santos e Gilmar Tributino, que vieram de Água Clara para oficializar a união de 21 anos e dois filhos. Nos planos do casal a intenção de realizar a cerimônia religiosa em outubro ou dezembro.

Sobre os quase 200 km que percorreram para casar, ambos enfatizaram: era um sonho antigo que a Justiça Itinerante tornou realidade e valeu a pena o caminho percorrido para chegar em Campo Grande.

Embora a maioria das pessoas que buscam o serviço da Justiça Itinerante seja para conversão de união estável em casamento, houve também muitas orientações jurídicas sobre pensão, alimentos, guarda e um solitário pedido de divórcio.

Uns dos primeiros a chegar foram Eliane Romeiro, 51 anos, viúva, três filhos, e Idonésio Borges de Almeida, 57 anos, divorciado, duas filhas. Ela é dona de casa, ele trabalha no setor de cargas de uma empresa de transportes. Muito falante, Idonésio conta que ambos se conheceram em um site de relacionamentos na internet.

Evangélico, ele confessa que é o que se chama de terra de ninguém, mas quando Deus está a frente do relacionamento, tudo dá certo. “Faremos dois anos juntos em agosto, mas queremos regularizar nossa situação. A partir de agora, podemos tomar a ceia na igreja, além de ser uma tranquilidade para os dois, pois em caso de necessidade não teremos problema”, contou.

Enquanto tudo isso acontecia, o juiz Cezar Luiz Miozzo, que responde pela 8ª Vara do Juizado Especial – Justiça Itinerante, não parava. Concedia entrevistas para a imprensa que buscava no ônibus histórias de amor no dia de Santo Antônio (conhecido como santo casamenteiro), atendia à população, assinava documentos entregues pela equipe, dava informações e esclarecimentos jurídicos a quem desejava saber sobre o calendário, quais documentos necessários, prazos, procedimentos, enfim, um verdadeiro vocacionado no corre-corre diário da Justiça Itinerante.

O juiz contou que muitos parentes de noivos vão até o ônibus para assistir a oficialização da união, mas nem sempre é possível porque a unidade móvel da justiça não tem espaço suficiente. “Ainda assim, acredito que o que mais nos aproxima da população é a proximidade nos bairros. Temos um atendimento completo e todos os dias dois ônibus percorrem os bairros da Capital. Por ser feriado, o números de pessoas que buscaram os serviços do ônibus foi muito expressivo”, disse ele.

Um dos ônibus estava no bairro Estrela Dalva e o outro no Piratininga. No total, foram 55 casamentos, quatro divórcios, sete acordos envolvendo guarda, pensão e visitas; sete pensões alimentícias em atraso. Uma exoneração de alimentos e um pedido de alimentos, além das inúmeras orientações jurídicas.

No bairro Piratininga, a equipe da Itinerante realizou dois casamentos atípicos, pois as noivas estavam vestidas com o tradicional branco. Anie Mesquita e Luis Augusto Moreles vivem juntos há dois anos e ela se esmerou no traje – levou até buquê. O casamento para eles é a celebração de uma história de primeiro amor. Os dois foram namorados quando adolescentes, aos 12 anos.

“Nos separamos quando ela foi para Belém (PA) e eu para Cuiabá (MT). Tivemos outros relacionamentos que não deram certo e voltamos para Campo Grande. Quando nos reencontramos parecia que nunca tínhamos nos separado e estamos juntos há dois anos”, contaram.

Rafael e Josiane também escolheram o dia do santo casamenteiro para oficializar 13 anos de convivência. Ela contou que a escolha da data teve a ver com o dia do padroeiro porque é muito devota de Santo Antônio. “Estamos juntos há 13 anos, temos dois filhos e quando surgiu a oportunidade de casar neste dia, avisei que não poderíamos deixar passar a data, além de receber as fotos. Falei para ele que era a hora e agora estamos aqui”, comentou Josiane.

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