Ônibus garantem atendimento de mulheres vítima de violência no campo, aldeias e quilombos

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 As duas unidades móveis do Programa Mulher: Viver sem Violência que vão prestar atendimento psicossocial e jurídico às mulheres que vivem no campo e na floresta, doadas pelo governo federal ao governo do Estado de Mato Grosso do Sul, vão garantir o atendimento de mulheres vítimas de violência em todos os municípios. Inicialmente esta recepção será realizada prioritariamente nas cidades que não possuem os segmentos especializados de atendimento no interior para a mulher que sofre violência.
Os altos índices de violência física e psicológica no campo tendo a mulher como vítima são preocupantes para a coordenadora de mulheres camponesas do Estado de Mato Grosso do Sul, Odete Maria Ferronato. “Vamos atuar em todo tipo de violência que inibe e isola esta mulher do campo. Com este ônibus as mulheres poderão saber quais seus direitos e como elas podem acessar as políticas públicas de combate a agressão física, moral e verbal. Esta unidade vai levar principalmente informação e conhecimento e aumentar ainda mais a autoestima da mulher do campo. É uma forma também de conquistar a autonomia financeira de cada mulher”, contou a coordenadora.
A unidade móvel faz parte da adesão ao Programa Mulher: Viver sem Violência para prestar atendimento às mulheres que vivem em assentamentos, nas comunidades quilombolas e indígenas e vem fortalecer ainda mais o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, sendo realizado em conjunto com a Câmara Técnica Estadual, segundo a subsecretária da Mulher e da Promoção da Cidadania, Tai Loschi.  

Subsecretária da Mulher e da Promoção da Cidadania, Tai Loschi (Foto: Divulgação)
Subsecretária da Mulher e da Promoção da Cidadania, Tai Loschi (Foto: Divulgação)

“Estes ônibus vêm para fortalecer ainda mais essas políticas. O governo do Estado tem investido nesta fiel parceria e no que tange às unidades móveis de atendimento estamos em contato direto com as gestoras municipais de políticas para as mulheres de 25 unidades e coordenadores dos Centros de Referências de Atendimento a Mulher em Situação de Violência de 12 municípios polos e lideranças das mulheres do campo, indígenas e quilombolas”, ressaltou Tai.

“A participação de todas neste processo é de fundamental importância já que são elas que convivem e conhecem de perto a realidade de cada região”, completou a subsecretária de MS.  No Estado o atendimento será feito em 205 assentamentos, 75 aldeias indígenas divididas em 11 etnias e 21 comunidades quilombolas. “Essas são algumas das diretrizes para elaboração do cronograma de trabalho das unidades móveis de acolhimento às mulheres do campo e de locais considerados de difícil acesso, uma revindicação antiga que hoje se torna realidade”, comemorou Tai Loschi.
A presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Alessandra Nunes, reforçou que mais políticas públicas precisam acontecer no campo. “Estamos comemorando a primeira ação efetiva que vai chegar às mulheres trabalhadoras do campo e da floresta. Na maioria dos municípios não existem pessoas que respondam por estas mulheres. Vamos precisar que estas ações sejam desenvolvidas pari passo com o governo do Estado. Estamos discutindo, acima de tudo, a paridade nas políticas públicas para que estas mulheres saibam como reagir em situação de violência. Não é tão simples este ônibus chegar num assentamento, por isso precisamos caminhar juntos com as secretarias de cada Estado”, pontuou Alessandra.
A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci, ressaltou que com os ônibus os Estados poderão oferecer à mulher do campo e da floresta todos os serviços de forma integrada no mesmo espaço físico. “Isso facilitará o acesso dessas mulheres e a rapidez na decisão das demandas trazidas pelas vítimas. É a primeira vez que o Estado brasileiro chega no campo e na floresta com uma política concreta de  

A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci (Foto: Divulgação)
A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci (Foto: Divulgação)

enfrentamento a violência dependendo da necessidade de cada região. Não é fácil fazer estas mulheres entrarem nestes ônibus, assim como não foi fácil, lá nos anos 80, que as mulheres que sofriam violência entrassem numa delegacia”.

A ministra ainda ressaltou a importância em se estabelecer parceria com o governo do Estado na execução das ações do ônibus nos assentamentos e comunidades indígenas e quilombolas. “Sem o Estado, o governo federal não faz nada. Estamos investindo com recursos financeiros, mas o Estado tem que colaborar com pessoas para atender. Não adianta colocar uma casa, um ônibus e não ter o governo do Estado”, declarou Eleonora.
O governo do Estado vai disponibilizar equipes multidisciplinares para o atendimento das mulheres vítimas de violência no campo e nas florestas, de acordo com a vice-governadora, Simone Tebet. “O governo tem mantido seu compromisso de continuar olhando com muito carinho pelas minorias. As mulheres ainda precisam deste auxílio pela desigualdade de gênero que ainda existe no Estado e no Brasil”, explicou Simone.
Vice-governadora Simone Tebet (Foto: Divulgação)
Vice-governadora Simone Tebet (Foto: Divulgação)
As duas unidades móveis estarão a partir de fevereiro percorrendo todo o Estado nos 205 assentamentos, 75 aldeias indígenas e as 21 comunidades quilombolas com palestra de prevenção, e proporcionando assistência, além de verificar a situação das mulheres de Mato Grosso do Sul, destacou Simone Tebet. “Desta forma estaremos rompendo o silêncio das mulheres violentadas, podendo verdadeiramente abraçar essas mulheres e apagar de vez em Mato Grosso do Sul esta mancha que é termos ainda em pleno século XXI, mulheres diminuídas no seu direito de cidadã, violentadas, estupradas e humilhadas perante uma situação de desigualdade e inferioridade”, finalizou a vice-governadora.
Ônibus
Os ônibus estão equipados com duas salas de atendimento (com acústicas isoladas), notebook com roteador e pontos de internet, impressoras multifuncionais (para digitalização de documentos e fotocópias), geradores de energia, ar condicionado, projetor externo para telão, toldo, 24 cadeiras para atendimento, copa equipada e banheiro. Os veículos ainda possuem instalações para a acessibilidade de pessoas com deficiência.

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