Santa Casa de Campo Grande realiza o sexto transplante renal do ano; paciente, de 28 anos, é do município de Dourados

A equipe de urologia da Santa Casa de Campo Grande realizou, há duas semanas, o sexto transplante renal com doador falecido, do ano. A paciente que recebeu o órgão, Mirilaine Cristaldo Freitas, 28 anos, comemora a chance de continuar vivendo ao lado da família e amigos sem a difícil rotina da hemodiálise, tratamento que era feito três vezes na semana, em Dourados, cidade onde mora no interior de Mato Grosso do Sul.

 

Desde criança Mirilaine sentia os efeitos da doença renal policística, um distúrbio hereditário de cistos que se desenvolvem nos rins, causando sérios problemas de saúde que até então não havia sido diagnosticado. Com um histórico médico extenso, devido a inúmeros tratamentos, em uma das internações veio a descoberta da insuficiência renal junto com a notícia de que deveria fazer uma nefrectomia (remoção cirúrgica do rim), isso aos 14 anos de idade. “Eu passei muito mal e fui ao médico novamente, chegando lá ele disse que teria que retirar o meu rim, pois eu era muito magrinha, meu rim já estava inchado e com peso equivalente ao de um bebê de seis meses. Não tinha mais o que fazer”, lembrou a paciente.

 

Em um primeiro momento, a família de Mirilaine não queria autorizar o procedimento cirúrgico, pois todos ainda sofriam com a perda recente da mãe dela, ocorrida meses antes. A escolha da família era a de assinar o termo de consentimento para a liberação da cirurgia ou a dos sérios riscos de vida que ela corria. Optaram pelo procedimento e, anos depois, surgiram novas preocupações. “Após a cirurgia, acabei não me cuidando muito e o meu outro rim já não estava bom também. Esses descuidos fizeram que na minha primeira gestação, aos 20 anos, eu ficasse internada a maior parte dela. E, depois da segunda gestação, cinco anos depois, só 33% do meu rim funcionava. O médico então me disse para iniciar o tratamento de hemodiálise. Foram anos muito difíceis”, comentou.

 

Com o início do tratamento em agosto de 2017, Mirilaine não perdeu mais tempo e começou a viabilizar a documentação para tentar o transplante com doador falecido. Como nessa época, ela achava que em Campo Grande nenhum hospital estaria fazendo o procedimento (ano em que a Santa Casa de Campo Grande realizou 17 transplantes renais), procurou, então, ajuda em São Paulo, Maringá e Curitiba rumo ao objetivo de “livrar-se da máquina de hemodiálise” – sonho de todo paciente renal crônico.

 

Em 2018, quando os exames de atualização do cadastro de transplante, que antes eram enviados para São Paulo, foram transferidos para Campo Grande, teve início o acompanhamento da equipe do serviço de Diálise do hospital. E, durante a madrugada da última quarta-feira, 25, Mirilaine recebeu o telefonema que mudaria todos os planos para 2020. “Era 1h12 da manhã quando recebi a ligação, no começo fiquei assustada e esperei a pessoa falar primeiro, mas aí me dei conta que era a doutora Rafaella. Engraçado que eu sempre deixo meu celular no silencioso, mas naquele dia não. De início eu me assustei, mas depois que eu ouvi que tinha aparecido um doador para mim, eu fiquei muito emocionada, só sabia chorar! ”, lembrou.

 

Naquele mesmo dia, a paciente avisou a família e arrumou a mala com destino à Campo Grande. O transplante foi feito durante a tarde, sem intercorrência. Agora, já de alta hospitalar e em nova fase, os agradecimentos são muitos, por todo apoio que recebeu e também pela atitude da família da doadora. “Me sinto muito aliviada, estava muito presa. No final do ano passado, todos viajaram menos eu, pois não havia achado uma clínica que poderia me receber. Agora, só tenho que agradecer minha família e a família que autorizou a doação. Ter essa decisão num momento de dor, conseguir pensar no próximo, é uma atitude muito humana”!

 

A equipe médica responsável pelo transplante foi o médico urologista, Adriano Lyrio, além do médico nefrologista Dr. Rodrigo Grilo e toda equipe multiprofissional do centro cirúrgico da Santa Casa

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