Santa Casa realiza microcirurgia de reconstrução de mão e antebraço para recuperar o movimento do paciente.

A técnica microcirúrgica para implantar espaçadores de silicone na mão de um paciente, que perdeu todos os tendões flexores e o nervo mediano, apresentou os primeiros resultados satisfatórios e teve papel fundamental para evitar a amputação do membro. Atualmente, poucos centros hospitalares no país reúnem equipe de profissionais apta a realizar a microcirurgia de reconstrução de nervos em partes afetadas também com a perda de pele e osso e em quadro de infecção.

 

 

O tratamento para a recuperação funcional do membro foi realizado na Santa Casa de Campo Grande após um longo processo para salvar a vida de um paciente politraumatizado com queimaduras de segundo e terceiro graus em metade do corpo, devido a choque elétrico em alta tensão. O jovem, de 23 anos, chegou ao hospital em março, em estado gravíssimo, com sérios comprometimentos no funcionamento das pernas e dos braços.

 

 

A primeira equipe de cirurgiões a entrar no caso reuniu especialistas das áreas plástica, vascular, torácica e ortopédica. O paciente precisou amputar as duas pernas e o braço esquerdo, permanecendo sob cuidados intensivos por mais de quarenta dias, período em que foram realizadas 6 das 12 cirurgias nas quais o paciente foi submetido enquanto esteve internado.

 

 

 

“Nós só tivemos condições de ajudá-lo porque a primeira equipe de cirurgiões conseguiu salvar a vida dele”, disse o médico especialista em cirurgia da mão, Dr. Gabriel da Costa Almeida, responsável pela equipe de microcirurgiões para reconstruir o antebraço e a mão direita do paciente. Almeida explicou que todos os nervos precisaram ser reconstruídos e, para a cobertura cutânea, foi utilizada uma técnica chamada “Groin Flap” – baseada na confecção de um retalho abdominal, onde a mão fica unida ao abdome por cerca de 3 a 4 semanas para a formação de novos vasos sanguíneos e, após esse período, o retalho é separado do abdome e ganha autonomia.

 

 

Para o processo de reconstrução foram definidas etapas a médio e longo prazo, e previstas outras microcirurgias, conforme informou o médico. “Traçamos metas e etapas no tratamento dele. Primeiro, fizemos 2 cirurgias para controlar a infecção. Depois, começamos a planejar a parte funcional da mão. Espaçadores de silicone foram colocados para formar um túnel onde no futuro será colocado o enxerto de tendão. Terminamos agora a fase mais difícil do tratamento”. A próxima microcirurgia está prevista para daqui a 2 meses.

 

 

Dr. Leandro Viecili, Dr. Gabriel Almeida, Dr. Rodolfo Bareiro e o instrumentador Edivaldo Pereira

 

 

A expectativa da equipe é devolver ao paciente o movimento parcial dos dedos e da mão. “Nós vamos retirar um enxerto do tendão da fáscia lata (músculo da coxa) e vamos reconstruir a musculatura flexora dos dedos, além disso, iremos fazer uma transferência de nervos para devolver a sensibilidade das mãos. A ideia é que ele tenha uma pinça funcional para que no futuro consiga fazer higiene, levar um alimento à boca e até mesmo controlar uma cadeira de rodas elétrica. Assim nós mudamos a vida dele”, finalizou o especialista.

 

 

Esta semana, depois de 102 dias internado com acompanhamento de equipe multiprofissional, o paciente teve alta hospitalar. Ele recebe acompanhamento ambulatorial com visitas semanais ao médico, podendo ser diárias, de acordo com a evolução do quadro.

 

 

A equipe responsável pela condução do procedimento foi composta pelos médicos especialistas em cirurgia da mão: Dr. Leandro Viecili, Dr. Gabriel Almeida e Dr. Rodolfo Bareiro e pelo instrumentador cirúrgico, Edivaldo Alves de Brito.

 

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