Sonho de empreender, leva jovem a fazer pudins e sanduíche ”buraco quente” que compara com música clássica e baião

 

Por Fausto Brites

 

No seu poema ‘’O Povo ao Poder’’,  Castro Alves escreveu um dos versos que diz: “A praça! A praça é do povo/Como o céu é do condor’’. E foi em uma das ruas de Campo Grande, que o estudante do 4º semestre do curso de Direito e também multi-instrumentista, Manassés Martins Meneses, 21 anos, dava mais um passo para consolidar o desejo que dividiu, em conversa, com seus pais Marcos Athayde e Ester Angelina: o de alçar voo e se tornar um empreendedor. Superando a timidez, em dia ensolarado no mês de março na Avenida Júlio de Castilhos,  ele oferecia os pudins ‘’ do Maná’’, marca que adotou para o produto por ser seu apelido com o qual é chamado pelos amigos. Nesse primeiro dia, a venda  foi um sucesso: os oito produtos que levou, foram vendidos. Afinal, se o condor tem o céu para si, foi preciso aprender a voar.

 

 

 

Hoje, com seu quiosque na Feira Central de Campo Grande (Rua 14 de Julho, 3351 – Centro), Manassés continua alçando voos e com apoio dos pais e da irmã. No local, além dos pudins, oferece também o conhecido ‘’buraco quente’’ (pão francês, recheado com carne moída com temperos de excelência), sugestão de sua mãe para diversificar o atendimento aos clientes que também queriam ‘’algo salgado’’.  O local, onde está instalado, recebeu o mesmo nome do sanduíche. A freguesia tem aumentado; muitas pessoas são atraídas pelas iguarias preparadas por ele. Uniu o desejo de se tornar empresário à preocupação de oferecer, sempre, qualidade em seus produtos gastronômicos.

 

 

Força de vontade

 

Manassés conta que desde criança seus olhos brilham ao ver um comércio.  “Sempre tive comigo que queria montar um negócio físico; lembro de entrar em lojas grandes quando criança e pensar: quem é o dono? Como que será que faz pra montar algo grande assim?”, conta.

 

Foi, então, que decidiu fazer e vender os pudins nas ruas, nos sabores paçoca, ninho com nutella, café, tradicional e tradicional com morango.

 

 

 

 

 

Com orgulho, faz questão de dizer que é “especialista em pudins”. Dificuldades? Essas existem, mas não causam desânimo e podem ser superadas. “A principal delas, e acredito que é para todos no começo, é a timidez. Quando comecei a vender meus pudins na rua eu tinha muita vergonha de chegar nas pessoas, hoje em dia isso já não é mais um problema”. Agora, ele trabalha para conquistar clientes. “Sei que isso virá com o tempo, contudo atualmente esse é o meu maior foco”, frisa.

 

Além de seus pais Marcos e Ester, Manassés diz que tem recebido palavras de apoio e incentivo ao seu trabalho de muita gente. “Graças a Deus todas as pessoas que passam pelo meu quiosque sempre deixam uma mensagem positiva, uma mensagem de carinho, acredito que tenho conseguido oferecer um produto muito bom e um atendimento melhor ainda”.

 

Ele tem uma visão diferente sobre seus clientes: “Sempre digo que amo aquela estrutura (quiosque) porque ali não sentam pessoas que compram meus produtos, ali sentam clientes amigos. Tenho o prazer de já ter conquistado clientes que vão lá não só pela comida mas também pela minha companhia e passam até horas lá batendo papo”.

 

Como disse ser “especialista em pudim”, Manassés explica que fez curso que o capacitou para meter a mão na massa e oferecer esse tipo de iguaria de muita qualidade.

 

Já o sanduíche “buraco quente” é feito com a mesma preocupação e é por isso que esse acadêmico de Direto pretende começar cursar gastronomia.

 

 

 

Quando questionado sobre o segredo do sucesso do buraco quente, se era tempero, produtos de qualidade, carinho no preparo ou tudo isso junto, Manassés sorri e afirma, sem falsa modéstia: “Acredito que por trás de toda boa comida, tem um cozinheiro que faz com amor, mas não dispensa produto de qualidade e um bom tempero”.

 

 

Iguarias e a música

 

Sobre a comparação que ele poderia fazer sobre cada um dos produtos com uma música, ele, multi-instrumentista que é, não titubeia em responder. “O pudim eu compararia a Gabriel’s oboé (https://youtu.be/lArnKBTe82I), um solo de oboé lindíssimo, leve e elegante. Já o “buraco quente” eu diria Asa Branca (https://youtu.be/MhMIsfsoymg), do Luiz Gonzaga, porque lembra a infância e é um clássico atemporal, encanta tanto os ouvidos menos exigentes quanto os especialistas”.

 

O próximo avanço em seu empreendimento já tem meta: “Com certeza é abrir um espaço maior para que caiba mais pessoas; atualmente só tenho espaço para oito pessoas sentadas e já tem dias que começa a ficar apertado ali”, referindo-se ao seu quiosque.

 

 

 

O voo iluminado, em direção ao céu do sucesso, avança.

 

O grande poeta Castro Alves também disse no mesmo poema: “Quando nas praças s’eleva/ Do povo a sublime voz…/ Um raio ilumina a treva/ O Cristo assombra o algoz…’’

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